Os próximos anos devem marcar uma grande virada no varejo. Os sinais estão aí há anos: maior valorização pelo shopper da qualidade ao invés da marca, preocupação com sustentabilidade e a possibilidade de praticamente poder comprar qualquer coisa pela internet, são alguns deles.
A pandemia, por sua vez, mostrou ao consumidor que o processo de compra pode ser mais consciente e que é possível viver com menos.
Essas questões podem ser encaixadas dentro do conceito de minimalismo que desde o século XX se manifesta em várias frentes e – acredito – vai se fazer cada vez mais presente no varejo muito em breve.
Na Europa, essa ideia já ganha corpo e o gosto dos consumidores. No Brasil já existem sinais da presença dessa filosofia. O Trade precisa estar atento a esse movimento e se antecipar, pensando em como atuar em um mercado que reflete cada vez mais as mudanças de comportamento do consumidor. Vamos refletir sobre essa questão.
O que é o minimalismo?
Minimalismo é o nome que se dá a vários movimentos artísticos, científicos e culturais nascidos no século XX que se expressam através do uso de poucos elementos. De uma maneira simples, é um conceito que valoriza a função ao invés da forma.
O minimalismo foi influenciado diretamente pela escola de arte vanguardista alemã Bauhaus que, no começo do século passado, preconizava que tão importante quanto a beleza era a utilidade do design.
Veja que não se trata de ignorar a importância estética, mas sim dar ao visual também uma função. O movimento da nouvelle cuisine francesa, surgido a partir dos anos 70, com seus pratos de porções pequenas e apresentação elaborada é uma expressão do minimalismo.
A proposta era apresentar o alimento de uma forma inovadora e que estimulasse os sentidos dos consumidores para além do paladar e do olfato.
Hoje podemos dizer que o minimalismo também é um estilo de vida que defende a posse e utilização apenas do que realmente é necessário para viver. É uma visão bastante racional e consciente que vai contra a cultura consumista ocidental na qual comprar deixou de ser uma necessidade e virou quase um esporte.
A Netflix possui alguns documentários sobre o tema e que mostram como a ideia de levar uma vida mais racional impacta diretamente a forma de ver o mundo e, consequentemente, o consumo. Se quiser uma introdução ao tema, assista Minimalism: A Documentary About the Important Things, de Josh Fields e Ryan Nicodemus.
Como o minimalismo está mudando o varejo?
Na Europa, onde o conceito está mais adiantado, sua presença pode ser notada nos comércios de alimento à granel, onde o cliente traz suas embalagens de casa para enchê-las com comida.
O lançamento da Original Unverpackt, a OU, em Berlim, no final de 2014, ganhou manchetes no mundo todo, mas o estabelecimento pioneiro no modelo foi o Unpackaged, aberto Londres em 2007.
A ideia é mesma, ser uma Zero Waste Store (loja sem desperdício, em uma tradução simples), fugindo de embalagens descartáveis de plástico que depois se tornam lixo e também ensinar o consumidor a comprar o que precisa. A partir do momento em que ele mesmo se serve e enche a sua embalagem, compra uma quantidade mais adequada ao seu estilo de consumo, evitando que o produto sobre ou estrague no seu armário.
Em 2015, foi a vez da França ganhar uma rede com essa proposta, a Biocoop 21, e também Portugal, com a abertura de Maria Granel.
No Brasil, a rede alemã Vom Fass atua nos mesmos moldes, vendendo azeites vinagres e condimentos em embalagens reutilizáveis. Muitos cerealistas vendem à granel, mas falta a conscientização sobre a questão da sustentabilidade.
No país, o minimalismo, de certo modo, se manifestou quase sem querer pela moda da “gourmetização” dos alimentos – e posteriormente de itens de outros segmentos. Os produtos premium, em teoria, com maior qualidade ou feitos através do uso de técnicas diferenciadas e, assim, com maior valor agregado, ganharam o gosto do brasileiro nos últimos anos.
As cervejas especiais são um exemplo claro. O consumo da bebida artesanal aumentou tanto que as grandes cervejarias ampliaram seus mixes e precisaram rever seus produtos para se adequarem ao mercado.
Na prática, mesmo mais caro, o produto premium foi valorizado pela qualidade. O shopper compra em menor quantidade, mas aprecia a experiência de consumo e a sensação de estar levando algo “que presta”.
Como o minimalismo mexe com o Trade Marketing?
O avanço de comércios que valorizem o produto e não a embalagem muda a maneira do Trade olhar a seleção dos mixes e a exposição de produtos. Empresas que compram um item e apenas o embalam para a venda podem ter dificuldade nos próximos anos.
Se o shopper pode comprar um café de qualidade, por exemplo, na quantidade que deseja e colocar no seu próprio pote doméstico, porque vai pagar mais por um produto embalado? Um pacote bonito não é suficiente para convencê-lo.
É claro que a marca é importante, por isso ações de branding associadas à efetiva mostra de qualidade inquestionável são importantes. Empresas com nomes consagrados devem ter menos problemas, mas mesmo assim podem vir a ter que se adaptar à desvalorização da embalagem e aos novos formatos de venda.
Na Suíça, esse ano, a Nestlé começou a testar a venda de vários tipos de café da sua marca Nescafé em máquinas que dispensam a embalagem dos produtos. A multinacional assumiu o compromisso de eliminar o uso de embalagens descartáveis nos próximos anos.
O Trade precisa lembrar que a comunicação com o cliente pode ser trabalhada além dos rótulos e do pdv, de forma assertiva para mostrar o produto e, acima de tudo, os valores da empresa.
Sim, a preocupação com um consumo mais consciente, com o uso de materiais que não destruam a natureza e com uma produção que não se baseie na exploração do trabalho em países mais pobres não são uma moda, mas uma nova forma de pensar que veio para ficar.
As novas gerações, que já são as maiores responsáveis pela força de trabalho e pelo consumo no mundo, vêm nessas questões pontos fundamentais na hora da escolha de uma marca que vão usar ou consumir.
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